Paulovinheiro
28032011
As novas fogueiras ardem em meu país
Paixões revoltas em clima de festa pueril
Opiniões diversas dos versos que fiz
Fazem de minha arte algo suspeita e vil
Algemas, suspiros, grilhando intenções
Sorrisos nervosos e escudos-mentiras
Aliviando os dias em fantasias aceitas
Anestesiando as mentes condicionadas
Quem se levantaria e diria o que acontece?
Quem apontaria as verdades-mentiras
Só um poeta marginal poderia fazê-lo
Robinrude da arte e da cultura, facínora
Este malfeitor tem que ser compreendido
Não assim como se mostra na televisão
E os multi-polarizados que a assistem
Veem um cidadão querendo falar a outros
Heresias, dissensões, morte ao individual
Vivas! à grosseria social, à anulação total
O embrutecimento, envilecimento, tal como tal
... é bom se deu na tela, se não não é, e...
Intolerância há, mas de qual nos ocuparemos?
Inteligência, se há, é pra ser usada
Há quem não queira e ligue a televisão
Não analisa e vai até onde os olhos veem
Mas os olhos não vêem até onde deve ser visto
Será porque? Porque precisamos estar atolados
Nos conceitos e pré-conceitos velhos e novos?
Não nos ensinaram a pensar e não queremos fazê-lo
Plim-plim, por exemplo, condiciona in e out
Ligado(s) e desligado(s), somos instrumentos
Usados pelo(s) mercado(s), coisa chata esta
Estamos sem defesas, condicionados, sós
Borboleta voa, voa, voa, voa, voa, voa, avoa
Para onde, para onde, para onde, para onde
Para lá, para cá, para lá, para cá, para lá
E sem porto não vá para nenhum lugar
Não existe mais crime de opinião, mas é crime tê-la.
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