terça-feira, 29 de março de 2011

Fluência

Paulovinheiro
28032011

As novas fogueiras ardem em meu país
Paixões revoltas em clima de festa pueril
Opiniões diversas dos versos que fiz
Fazem de minha arte algo suspeita e vil

Algemas, suspiros, grilhando intenções
Sorrisos nervosos e escudos-mentiras
Aliviando os dias em fantasias aceitas
Anestesiando as mentes condicionadas

Quem se levantaria e diria o que acontece?
Quem apontaria as verdades-mentiras
Só um poeta marginal poderia fazê-lo
Robinrude da arte e da cultura, facínora

Este malfeitor tem que ser compreendido
Não assim como se mostra na televisão
E os multi-polarizados que a assistem
Veem um cidadão querendo falar a outros

Heresias, dissensões, morte ao individual
Vivas! à grosseria social, à anulação total
O embrutecimento, envilecimento, tal como tal
... é bom se deu na tela, se não não é, e...

Intolerância há, mas de qual nos ocuparemos?
Inteligência, se há, é pra ser usada
Há quem não queira e ligue a televisão
Não analisa e vai até onde os olhos veem

Mas os olhos não vêem até onde deve ser visto
Será porque? Porque precisamos estar atolados
Nos conceitos e pré-conceitos velhos e novos?
Não nos ensinaram a pensar e não queremos fazê-lo

Plim-plim, por exemplo, condiciona in e out
Ligado(s) e desligado(s), somos instrumentos
Usados pelo(s) mercado(s), coisa chata esta
Estamos sem defesas, condicionados, sós

Borboleta voa, voa, voa, voa, voa, voa, avoa
Para onde, para onde, para onde, para onde
Para lá, para cá, para lá, para cá, para lá
E sem porto não vá para nenhum lugar

Não existe mais crime de opinião, mas é crime tê-la.

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