terça-feira, 30 de agosto de 2011

À mão

paulovinheiro
29082011

Minhas idéias pagino
Imagens, paisagens
Abelha e flores-de-maio
As crio, imagino

Borboletas azuis
Monarcas do ar
Cambaleiam em silêncio
Num fim de tarde qualquer

Letras que leio
Não as imagino de mim
Que serão delas amanhã
Se hoje nem lembro de mim

Há quem escreve compulso
Como a se aliviar
Como se fossa assim fácil
O processo do criar

Amanhã não se lembra
Nem quer se lembrar
Daquilo que escreveu
E procura sedento
Mais tinta e papel
Se lambuza em palavras
Como se fosse mel

Como um viciado
Que não sabe parar
Se perde em questões
Pra mais se esquecer
Aprofunda o silêncio
De quem mais quer gritar
Gatarruja sedento
Gota a gota um segredo
Que numa página ao vento
Pipa voa a voar

Quem segura este fio?
Quem conhece o segredo?
Quem sabe se cala
Ou não quer mais falar?

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