Morrer não é tão assustador quando a gente lembra que se faz isso pelo menos uma vez na vida.
Acho que não é complicado perceber que o mais difícil é permanecer vivo.
Vivemos um período de muitas mudanças, tudo muito rápido.
Será que é fácil fazer poesia? Não digo sobre aquela que tento fazer, a que me é possível, mas a verdadeira poesia.
Aquilo que faz enternecer hoje pode ser motivo e temas de risos amanhã.
Eu ouso pensar que a gente nunca deveria escrever coisas bonitinhas. Sim, bonitinhas e sem sentido, ferramentas de entretenimento, porém, quando isso acontece, criamos moldura e no centro não há conteúdo.
Poesia sem conteúdo é uma moldura vazia, como uma piada amanhã.
Há poetas que não são bonitinhos, que não estão na mídia, não sofrem assédios. Daqueles mesmo feiinhos, gagos, incapazes de recitar sua própria obra. Do tipo que deixou de ter uma moldura chamativa e que assumiu encher de alma a página vazia.
Um exercício de razão, algo que faça pensar, que procure o belo em cada coisa despercebida aos olhos apressados. Que faça de súbito o silêncio, não que apenas comova, porque há muita comoção daninha.
Às vezes topo com uns livros muito lindos, bem editados, com o melhor papel, tudo como se fosse de sonhos, exceto o conteúdo.
Sei que estou vendo o mundo como um velho, irremediavelmente fora de foco do presente.
Fazer o quê? Parece que a pouca profundidade é o que encanta.
Li de uma pessoa muito cara para mim que no mundo há pessoas que procuram a profundidade onde encontramos todo tipo de vida e energia e outras que se contentam com a superficialidade, como a dos charcos com seu cheiro repugnante, males e lamas. Como encontrar a beleza no segundo tipo de gesto?
Como vivemos um dia de cada vez eu me convido a voltar a escrever e quem sabe? Espero um dia escrever algo que valha a pena.
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