Irrelevante,
irreal, translúcido, quebradiço
O
dia se faz pasmo, letárgico, sombrio
Sob
a luz do sol do meio-dia o amor passeia
Lágrima
nos olhos e a calma conformada
A
palidez se oculta no luto e no rubor solar
Espesso
o ar nos faz um pouco mais lentos
E
a marcha dobra e os joelhos doem
Quem
fechará as portas dos sentimentos?
Quem
cantará entre lágrimas tormentos?
Há
quem conte estrelas nos céus do dia
Há
quem sonhe com que seu amor se levante
Assim
antecipando o dia do juízo final
Mas
é só amor demais que nos prende
Há
que se deixar livre, solta, a ave que voa
Sob
estrelas as lágrimas correm e só
O
dia renasce e tinge o mundo de luz
Nada
a fazer, mais nada a fazer...
O
orgulho se quebra, e conformes, vamos
Nada
a dizer... um sorriso talvez, talvez
Um
tapa no orgulho e os olhos no chão
A
resistência à elétrica descarga
E
o choque esvai entre os olhares
As
coisas no mundo retomam o seu lugar
E
um lugar vazio se enche... tomara de luz
Nada
morre, tudo se transforma
A
inteligência, o sorriso, há de prevalecer
O
mundo não abraça o luto com afeição
Não
existem corvos, a não ser os que criamos
*Pelo
passamento de Lídio Pinheiro
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