Há algum tempo, quando voltei a escrever, deparei com um fato especial. As pessoas, inclusive eu, nos descostumamos a usar as palavras. Algumas, parece, ficam um pouco envergonhadas em utilizá-las nos diversos matizes que a língua dá.
Já ouvi dizer que hoje em dia temos de escrever de um jeito que as pessoas entendam.
Portanto, gírias, palavrões, pseudo-neologismos (invenções forçadas) e trens do gênero - mineiramente falando – abundam, até fazerem que um texto só sirva para um determinado tempo, até que as gírias do momento caiam em desuso e a obra fique incompreensível, imprestável.
Não sendo um bom controlador dos códigos do idioma brasileiro, o português, tive de me contentar em escrever, como se diz, a “literatura popular”.
Essa classe de expressão abre mão de uma série de símbolos e de formas e permite acomodações quanto à gramática e concordâncias; ela privilegia os símbolos; o importante é se fazer entender.
Estou voltando a estudar nosso idioma, aos poucos, sem pressa. Aprendi chamar o que escrevo de exercícios. Aprendi a me perdoar, mesmo que não me perdoem.
Leio mais hoje do que lia há três anos, porém muito menos do que há trinta. Assombra-me que continuo a ler com tanta avidez como outrora as obras “clássicas”; confesso que me esforço com a temática mais contemporânea.
Sempre tive esperanças que a literatura, a arte escrita em geral, algo escrito com sensibilidade e com objetivo de construção, pudesse ajudar a formação de leitores, gente com senso crítico, com vontade de crescer e fazer crescer em seu redor algo de bom.
Houve por mim assombro que na “revista eletrônica” de cultura e arte, a Entrementes, o fato dos acontecidos no Pinheirinho pudesse suscitar tamanho fragor, e foi o que eu vi.
Saber que existe um problema e falar deste problema e gritar bem alto para que todos saibamos dele, com muitos pontos de vista, é uma virtude de quantos escrevam e do instrumento utilizado.
Que bom se todos pudéssemos entender as palavras, as expressões, seus sentidos, suas nuances, todos os matizes.
Sabemos que tanto escrever quanto ler é uma questão de exercício.
Quantas vezes me vi triste por ter o que dizer, mas não me encontrar internamente para traduzir meus dizeres. Outras vezes quando tudo estava perfeito sentia que somente eu poderia entender o texto por excesso de hermetismo.
Acreditando ficarem mais claras algumas páginas as reduzi para poucas linhas.
Cultivei o hábito da concisão pondo tudo numa folha, pois ainda acredito que a maioria das pessoas não tem o hábito de virar a página.
Esta era fala de poesia como coisa distante. Não mais olha para jardins por não mais existirem. Não come de suas hortas pelos mesmos motivos.
Não penso em poesia comprada ou vendida, nem daquela das feiras ou dos salões ou Academias.
Minhas preocupações são um “coração” e a sensibilidade que podem ser seus ou meus.
Mais uma coisa aprendi, o medo de errar também nos impede de escrever.
O medo é horrível, é pior que o silêncio do poeta que vive dentro de cada um de nós.
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