O ar
parava, assim como param os amantes antes do beijo
Sob
uma árvore ensanguentada ouvi o canto do pássaro
Abri
um livro e me vi despido de segredos como quando nasci
E no
asfalto como em artéria aberta vi se lançar o breu
E
choveu, e molhei, e verti, e de páginas abertas me escrevi
Quando
cheguei no fim do terceiro sonho me assustei
Achei
que deveria acordar e vacilante e deserdado espreguicei
Como
o vento leva a fumaça, os sonhos pararam de pairar
E na
minha mente empoeirada e flácida as coisas voltaram
No
lugar de devaneios ficaram os ocos das pedra das agendas
Compromissos
sólidos de fantasias que se concretizam
Por
malsão desígnio ou por caprichos da força que impera
Então,
já que este é o mundo que conta, nada mais a contar
Fôlego,
é o que necessitamos para o próximo passo
Depois
do café, o trabalho, o almoço, resolver e arrumar problemas
O
fim, da tarde, o olhar para coisas de dentro do lado de fora
A
busca do prazer e a perda de noção... Sem noção
Poesia
fria, num livro nu, sem capa, despido, descabido
Páginas
escritas em branco, melhor seria, desescrita
Criptografada,
ininteligível, hermética, desconstruída
Flocos
de neve que não derretem que não estão nem aí
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