segunda-feira, 19 de março de 2012

Tirana - paulovinheiro - 14/02/12


Tomar uma cocacola, adorando, ingenuamente
Ir ao maquedonalde num fim de tarde e talvez comer
Ir ao teatro e assistir mais que uma peça
Ler Amado, Oswald, Saramago e se alimentar

Ouvir uma tirana a nos cantar sem encantos
Dobrar-nos às ordens de um tio distante
Darmos atenção à infâmia do dia
Mentiras que diminuem o nosso tamanho

Entendo que não entendamos os porquês
Ignorar os porquês é importante
Não viver alienado ou alienante
Instrumentos do indizível abandono

O nosso destino é o abandono programado
Para repetirmos aquilo que ouvirmos
Para vivermos a mentira ditada
Acreditarmos num salvador que não virá
 
Transformaram-nos ateus e foi escolhido um novo deus
Aquele que adoramos e adoraremos
Nos dias escuros e noites em claro
Dobrados, insanos, dementes... nos querem

O que queremos? Ninguém se importa
Você se importa? Mesmo? Será?
Não fomos criados para pensar
Afinal pensar cansa e temos quem pense por nós

Para que nascemos? Pra que nasceu todo esse gado?
Garantidos estão os votos e os consumidores, só
Não servimos a nós mesmos e sim ao novo deus
Incorpórea figura quem dita as regras e nos amaldiçoa

Enquanto isso no reino da pastelândia
Nos McColas da vida e da morte
Recolhendo os mortos entre os fracos
Há quem pense em você e em mim

Será você também?

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