quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Renascentistas atuais – 200814



Algumas coisas não prestam mesmo, assim como saber escrever e pensar, juntos e com o ingrediente da ingenuidade.
Naqueles momentos de solidão a gente pode não resistir e falar o que pensa.
Bons tempos quando o mundo não sabia o que pensávamos, bons tempos!
Havia um tal de Erasmo, o Desidério, que dizem, elogiava a loucura.
Outro conhecido era o Nicolau, que escreveu um livro para o príncipe.
O Dante que escreveu papos sinistros e fez imaginar até que existe o inferno.
Um português que codificou a nossa língua, um tal de Camões.
Na música ouvimos Monteverdi, Marenzio, Downland, e dezenas de menestréis e centenas de jograis e inúmeros famosos, e nem tantos, que persistem até hoje.
Nas artes plásticas, de igual forma, podemos falar tantos nomes que nos cansaríamos.
Ciências e demais áreas da filosofia, do concreto ao empírico.
Tudo isto em pouco tempo. Foi uma loucura. Um fenômeno de revoluções em todas as áreas.

Todos, ontem e hoje, somos descartáveis.
Assim como fizeram com o Galileu, hoje faz-se com o Edward Snowden e tantos outros anônimos. Assim, se formos criteriosos quanto a este assunto, veremos que ser surdo ou mudo ou cego ou tudo isso junto, é a melhor forma de viver, ou a pior.
Saber não é problema, desde que você só fale para as pessoas certas.

Uma vaquinha no pasto não pode ter opinião.
No dia que ela pensar diferente e querer lutar por sua liberdade será seu último dia, provavelmente.
Talentos não vem junto com o berço, mas ter talento num mundo de iguais, onde “somos um só”, é perigoso.
Melhor é ser como a maioria.
Melhor é não pensar e deixar que quem faça isto sejam os escolhidos.
Escolhidos por quem? É onde o melhor é o pior.
A melhor arma que conheço é a arte que ajuda a compreensão do espaço que ocupamos.
Este é um mundo perigoso e somos ameaçados por armas e idéias.
Algumas idéias parecem vírus que depois de inoculadas não nos deixarão jamais.
Somente coisas sutis podem ajudar a gente perceber os detalhes do brutal.
Para nos proteger da força bruta nada há melhor do que o desmascaramento de seus atores e intenções; enfrentar ou se calar ou se vender.

Pergunto: porque perdemos tantas energias em gritar contra o que não compreendemos?
Gritar como loucos não é demonstração de razão.

Infelizmente esperamos que um salvador venha nos libertar.
Quem sabe Dom Sebastião aporte em nossas praias? Quem sabe?
Por que palestinos sofrem como os judeus dizem que sofreram pelas mãos de criminosos?
Por que você é livre para usar a sua liberdade até onde ela não desagrade?
Por que você recebe sua quota de cultura onde todos devem falar o mesmo, pensar o mesmo, saber o mesmo, e assim por diante?
Por que você tem, que na prática, negar a sua individualidade?
Mais radicalmente, por que você tem que negar sua divindade?


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